terça-feira, 29 de dezembro de 2009

cama compartilhada: bom ou ruim para a família?


ultimamente eu ando questionando algumas pessoas que tem filhos se elas concordam ou não em dividir a cama com seus filhos pequenos na hora de dormir ou se prefere acostuma-los no berço ou em suas caminnhas desde bem pequenos mesmo.

quem já passou por isso?
quem concorda? quem discorda?
por favor, quero a opinião de mais pessoas a respeito, mesmo a de quem não tem filhos ainda, pois quero enriquecer mais minhas idéias a respeito desse tema.



deixe seu comentário que em breve eu pretendo retomar o assunto em forma de um texto com minha opinião e o que estamos tentando com o tito em casa.

até semana que vem.
abraço

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

consumo e o papai noel que entalou na chaminé



hoje eu tive que ir ao shopping comprar um presente de amigo secreto. é claro que estava completamente lotado. mas isso eu já esperava, foi um detalhe que não me chamou tanto a atenção.
mas uma outra coisa me causou espanto e um certo desconforto: o modo como as crianças estão cada vez mais ligadas em consumo.

e, pelo o que tenho visto, é um desejo de consumir apenas. somente consumo, ponto.
lembra daquela frase em inglês "ashes to ashes", "das cinzas as cinzas"? pois é, do consumo ao... consumo.
vejo crianças que imploram por um brinquedo num dia e, dois dias depois de ganhá-lo, não dão a menor bola para ele, já que agora ela quer na verdade aquela outra coisa que passou na tv ou que o amiguinho tal está usando e... pronto, lá vai a criança com foco no consumo mais uma vez...

no shopping eu vi uma cena que me deixou curioso e ao mesmo tempo incomodado.
lá estava eu caminhando quando vejo uma mãe (siliconada, com as unhas grandes, um vestido curto e uma sandália com um salto maior que a sua própria perna) com um filho de mais ou menos uns quatro anos travando uma verdadeira batalha: os dois em frente a uma famosa loja de brinquedos, ele chorando e gritando para todos ouvirem que queria entrar pra ganhar algum brinquedo, e a mãe tentando tirá-lo dali, puxando-o para o sentido contrário dizendo que "não é hoje que o papai noel vai te dar presente. vamo embora!".
e assim foi por uns 10 minutos (to falando sério).

óbvio que os dois saíram tristes e frustrados do passeio.
o menino por achar que a mãe é uma malfeitora por não ter dado um presente novo a ele.
a mãe por se sentir uma incompetente pois não conseguiu lidar com a situação e também porque não cedeu a vontade do garoto.

andei por outros andares e fiquei prestando atenção nas crianças.
juro que só vi um menino feliz. todas as outras crianças estavam com a cara fechada, olhando feio para os pais, brigando, resmungando alguma coisa como "que saco, eu só queria tal coisa...".
olhares perdidos entre as vitrines, quase zero de interação com os pais (a não ser para reclamar, xingar, receber  broncas e alguns puxões para andarem logo).
triste, bastante triste.

ok, quem tem filho grandinho pode pensar que eu estou sendo ingênuo e que "um dia eu chego lá" e vou ver o que é bom pra tosse, que meus filhos também serão assim.
pode até ser, mas uma coisa eu tenho bem claro em minha mente: eu vou manter meus filhos o mais distante possível dessa onda de consumo que tem assolado a infância dos nossos pequenos.
ah, se vou!

ao invés da velha abordagem "se você se comportar bem, no final do ano o papai noel vai te dar um presente", eu vou me esforçar junto com a nanã para buscar alternativas criativas e mais carinhosas como "que tal no natal a gente fazer uma viagem gostosa e ficarmos todos juntos por um tempão?", "nesse natal a gente vai visitar o zoológico", ou algo assim.

nunca concordei com essa história de que todo natal tem presente, tem papai noel trazendo "recompensas" pelo o que você fez ou deixou de fazer.
lembro de meus pais não criando uma fantasia exagerada a respeito do papai noel.
nunca ninguém da família se vestiu com as roupas do bom velhinho, nunca esperei nenhum presente dele (até onde me lembre), porque eu sabia que papai noel não existia e que se eu fosse ganhar um presente quem o daria seriam meus pais.
simples assim.
justo assim.
sem frustrações, sem pedidos exagerados.
e a na minha infância e na da minha irmã não faltava fantasia por conta disso. a gente brincava muito, ouvíamos historinhas, tínhamos nossos livros de contos de fadas, criávamos nossos mundos imaginários, etc, etc.

a nanã e eu ainda não decidimos se vamos falar que papai noel existe ou não, mas já é certo que não concordo em associar a imagem dele ao recebimento de presentes e mais presentes.
acho que isso, cedo ou tarde, pode se tornar um tiro que uma hora vai sair pela culatra.
e o resultado é decepção para os dois lados.

pra encerrar, nesse ano eu vi dois documentários sobre como o consumo está sendo tão bombardeado na cabeçinha tão inocente das crianças, que cada vez mais cedo passam a saber o nome das marcas e dos brinquedos e roupas da moda e cada vez mais tarde passam a saber o nome de frutas, legumes e boas histórias da literatura infantil.
eu acho uma pena.

é uma pena porque as crianças deixam de ser crianças cada vez mais cedo (para lá na frente se tornarem adultos bobos e infantilizados, que falam com voz de criança de propósito entre si, se tornam depressivos e emocionalmente dependentes por não terem tido uma infância plena e prolongada).
e também é uma pena pois a mídia voltada a criança pinta os pais como os vilões que não querem dar a ela seus objetos de desejo.
e aí o impasse está feito, o circo está armado e as cenas que eu vi hoje no shopping se tornam mais e mais comuns.

concordo que vivemos num mundo capitalista e eu mesmo assumo que sou capitalista sim.
mas eu não gosto do exagero que o consumo traz para a vida das pessoas.
desde pequeno aprendi a esperar para ter minhas coisas, a ouvir um "não" e saber respeitar essa palavra.
a ouvir um "sim" e dar um baita valor a essa outra, pois afinal eu tive que esperar a tão desejada palavrinha mágica chegar após pedir por algum presente.

na minha modesta opinião, acho que os pais devem se esforçar para passar mais tempo com suas crianças buscando formas alternativas de diversão, e não apenas dar coisas materiais para que elas se entretenham sozinhas ou entre si.
sentar na grama, brincar com barro, tomar banho de chuva, fazer sucos diferentes, visitar parques, assistir a filmes juntos.
há tanta coisa que pode entrar no lugar de "toma aqui seu brinquedo"!

para quem se interessar, seguem os nomes e os links para os vídeos que citei.
é de ficar revoltado com o que a mídia e as empresas vem fazendo para alcançar o público menor.

vídeo: criança, a alma do negócio
vídeo: consuming kids (legendado)

até a próxima semana.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

balde 4: sling: pendurar ou não?







em diversas culturas africanas e asiáticas há séculos as mães usam panos e couros para pendurar seus bebês e com isso conseguir mais mobilidade para os afazeres diários e também manter a criança em contato contínuo com seus corpos para que assim se torne mais calma e segura.

há algumas décadas os países ocidentais tem adotado penduradores como o sling (que significa 'suspender' ou 'pendurar' em inglês) nas práticas de cuidado com os bebês, e os resultados positivos tem sido cada vez mais tangíveis e concretos.

no entanto, apesar da sua longínqua origem e de seu uso trazer uma série de benefícios - tanto para os pais como para os bebês - parece haver muito receio, muitas dúvidas e preconceitos a respeito dos slings.
uma rápida pausa: antes de resolvermos engravidar, eu procurei um sling para dar de presente à nanã, como uma prova de que "eu estava pronto" para a tarefa de ser pai. fui em algumas lojas e em duas delas as vendedoras me informaram que não tinham sling à venda e ainda me deram uma leve bronca, dizendo que isso faria mal para o bebê, que ele ficaria muito apertado envolto ao pano e que poderia fazer mal à sua coluna.
nem argumentei muito, saí à procura do item que seria um símbolo para a nossa decisão de ter um filho.

voltando às duvidas e aos preconceitos, em várias ocasiões quando estávamos em público com o tito as pessoas nos olharam com uma cara de "o que esses malucos estão fazendo com essa criança aí dentro desse treco?" e em alguns momentos rimos, noutros ignoramos, e, nas vezes em que éramos abordados por estranhos, argumentávamos sobre o bem do sling e o quanto isso acalma nosso pequeno filho.

certo. mas e os tais benefícios?
a primeira coisa que notamos ao usar o sling foi o benefício que ele traz para o sono do tito. ele fica muito mais calmo, pois recebe o calor do nosso corpo, ouve nossos batimentos cardíacos, sente a nossa respiração e fica constrito, tal como estava acostumado a ficar no útero.
muitos especialistas defendem que o sling para o bebê é justamente uma forma de regressão ao ventre materno, por isso ele se sente tão confortável e seguro.
outro grande benefício é a interação que o bebê tem com a mãe, que pode facilmente amamentá-lo enquanto carrega-o no sling.
a atenção e o carinho que o bebê recebe quando está no sling também é fundamental para a sua auto-estima. aliás, o pediatra norte-americano harvey karp, autor do livro e do dvd "o bebê mais feliz do pedaço" conta que há uma tribo africana chamada "kung" em que as mães carregam seus filhos pequenos por quase 24 horas em penduradores de couro. após um estudo, cientistas que acompanharam a tribo concluíram que esses bebês não choram ou quase nunca choram, e a conclusão é que isso se deve ao fato de eles terem as suas necessidades (de atenção, de carinho, de alimento, etc) atendidas imediatamente assim que eles nascem.

até aí, ok. mas a dúvida é inevitável: esses bebês não vão ficar mimados e mal acostumados demais?
o dr. karp tem a certeza do contrário.
ele defende que um bebê que é acalmado logo quando ele dá um sinal de alerta cresce mais seguro e confiante no mundo externo, já que seus pais nunca deram motivo para ele se desesperar ou entrar em pânico quando algo o assusta. dessa forma, o bebê tende a se tornar mais independente conforme cresce e seguro em relação ao acontecimentos fora do ventre de sua mãe.

quando perguntado se os bebês que recebem muito colo - ou que passam muitas horas do dia pendurados em slings - vão ficar mal acostumados, o dr. karp diz que na verdade os bebês recém-nascidos já saem do útero acostumados com calor, com os barulhos do corpo de sua mãe, com alimento à vontade e à qualquer momento.
ele passou meses num ambiente que provia essa estabilidade e agora fica horas num cenário totalmente novo, por isso é normal o bebê se assustar e se irritar com as coisas mais bobas (como uma vontade de arrotar) e então chorar.
se você passar metade do dia com seu bebê pendurado num sling ou outro tipo de pendurador parecido, já estará cortando 50% do tempo em que ele está acostumado a ter do conforto que tinha quando estava no útero.

fora isso, o dr. william sears, pediatra que cunhou pela primeira vez o termo attachment parenting, concluiu que o ato de carregar os bebês estimula a liberação do hormônio progesterona (que estimula a produção de leite) na mãe, aumentando o laço afetivo entre mãe e filho, e diminui a incidência de depressão pós-parto e outras doenças psicossomáticas na mulher.

ele diz também que os bebês que são frequentemente 'pendurados' tem maior interação social, pois estão mais próximos às pessoas e dessa forma podem estudar expressões faciais, aprender a linguagem nativa mais rapidamente e se tornar mais familiares à linguagem corporal.

eu tentei encontrar desvantagens sobre o uso de slings e wraps e juro que não encontrei nenhuma.

até semana que vem.
abraço

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

balde 3: o leite materno é fraco (?)





já ouço de algum tempo (antes de planejarmos ter um filho) essa história de que o leite da mãe "é fraco", que é melhor dar comida logo para o bebê, que não há mal nenhum em desmamar a criança logo nos primeiros meses de vida, etc etc.

como esse é um assunto muito delicado, começarei delicado como um elefante: a organização mundial da saúde enfatiza categoricamente que a amamentação deve ser exclusiva até os seis meses de vida do bebê.
o dicionário houaiss define a palavra "exclusiva" como: 'que exclui, que elimina; que é privada ou restrita'.

ou seja, durante os primeiros seis meses, apenas leite materno, nada mais.

mas ainda rola um mito de que é melhor complementar a alimentação com outros alimentos e até vitaminas e suplementos infantis, na expectativa de prover o melhor para o bebê. porém, não há nada que um bebê precise mais nos primeiros meses que o leite de sua mãe.
além de ser rico em gordura, proteína e cálcio, que ajudam o bebê a crescer e a ganhar peso naturalmente, o leite materno é a principal fonte de anticorpos que a criança tem para os primeiros meses ou até anos de vida.

em muitos casos, várias mães e pais caem no conto dos (maus) médicos que dizem que a criança deve tomar algum leite artificial para ajudar em sua alimentação e por isso contribuem para o desmame precoce de seus filhos.

pra piorar, há ainda há quem diga que deu mesmo leite artificial pro seu filho, entuchou comida cedo e "ele está bem". em primeiro lugar temos que definir de uma vez por todas o que é estar bem.
vejo várias pessoas que dizem ter mamado por pouquíssimo tempo quando bebê e que não tem perfeitas condições de saúde ou que tem grande dificuldade de aprendizado por não terem desenvolvido plenamente sua capacidade intelectual; em outros casos, pessoas com imunidade super baixa, que adoecem facilmente, o que pode ser reflexo de pouca ingestão do leite materno.
como as pessoas insistem em dizer que está tudo bem?  juro que não consigo entender isso.

além da amamentação exclusiva por seis meses, a orientação é que após esse período seja feita a introdução de outros alimentos, porém mantendo o aleitamento materno por até os dois anos de idade da criança, aproximadamente.

o ministério da saúde do brasil criou agora em 2009 um documento científico para divulgar aos médicos sobre a importância da amamentação e os risco do desaleitamento materno precoce intitulado "a legislação e o marketing de produtos que interferem na amamentação: um guia para o profissional de saúde".
logo no começo esse material diz:

“embora o leite humano e a prática de amamentar sejam o melhor, muitas crianças são desmamadas precocemente e alimentadas com substitutos do leite materno com a utilização de mamadeiras. a substituição dessa prática natural representa importante fonte de lucros para produtores e distribuidores desses produtos. assim, uma eficiente promoção comercial utilizando técnicas de marketing abusivas é atitude que necessita ser controlada também pelos responsáveis pela Saúde Pública (...)”.

nos faz pensar, não?
abraço

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* link para a publicação do ministério da saúde: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/legislacao_marketing.pdf

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

balde 2: é perigoso sair com bebê recém-nascido na rua?

quando a nanã e eu saíamos com o tito à rua nas primeiras semanas várias pessoas nos olhavam e disparavam a implacável pergunta "já saindo com ele assim tão cedo?!".

procurei levianamente sobre o assunto e a orientação dos médicos é sempre algo como:
não há problema em sair com o recém-nascido desde que se evite lugares muito aglomerados, com pouca ventilação e más condições de higiene.


o tito nasceu em casa, pois preferimos o parto doméstico.
em sua segunda semana de vida tive que acompanhar a nanã ao hospital para ela fazer alguns exames e levei-o conosco.
algumas pessoas da família buzinaram, indignadas: "tem que levar esse menino daqui, não é seguro ele ficar no hospital".
engraçado é que as mesmas pessoas contavam que ele nasceria aonde? num hospital!
vai entender...

a neonatologista que acompanhou o nascimento do tito disse que certa vez a uma paciente que teve bebê no hospital perguntou alguns dias depois se poderia sair na rua com o recém-nascido.
a resposta:
_ você não teve seu filho no hospital e depois foi com ele para sua casa? então você JÁ saiu com ele na rua.


acho que isso encerra a questão.


abraço.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

balde 1: chupeta (acredite, os males são maiores que os benefícios)




dando início a sessão "chutando os baldes do senso comum", falarei rapidamente sobre porque não temos o menor interesse em dar chupeta ao tito e porque esse objeto aparentemente inofensivo para a criança pode trazer muitos danos a ela.

muitas mães e pais defendem o uso da chupeta para acalmar o bebê nos momentos de choro e facilitar a às vezes árdua tarefa de por o bebê para dormir. no entanto, esse hábito esconde alguns malefícios que, com o passar do tempo, podem ser tremendamente superiores que esses benefícios conquistados rapidamente e sem exigir muito esforço dos pais.


atrapalha a amamentação
em vários textos que li a preocupação com a amamentação do bebê que usa chupeta é enorme por parte dos especialistas. ao ficar com a chupeta na boca, a criança fica com a língua posicionada de uma maneira diferente da forma como a língua se comporta no momento de sugar o seio da mãe para mamar. o resultado é que, ao mamar, a criança tenta repetir o mesmo movimento que faz com a chupeta e, por não conseguir uma mamada tão eficiente, o leite demora mais para sair, o que pode irritá-la ou fazer com que a criança tenha uma ingestão menor de alimento que deveria ter.
um efeito colateral disso é que ela passa também a ingerir mais ar no momento da mamada, o que pode acarretar em muitos gases e desconfortos abominais em seguida.


prejudica a mastigação e a deglutição de alimentos
li em alguns textos e reportagens que o uso da chupeta pode deixar a criança com os músculos das bochechas, língua e boca flácidos, o que poderá acarretar em dificuldade de mastigar os alimentos e degluti-los da forma adequada.


prejudica a fala
outro problema ocasionado pela flacidez de alguns músculos da face é a fala mole e meio "desajeitada" da criança, com sons distorcidos e difíceis de entender.
"O uso freqüente e prolongado pode levar à má oclusão, respiração pela boca e enfraquecimento dos músculos do rosto", diz Patrícia Borges França, fonoaudióloga da Unicamp.


prejudica a formação da arcada dentária
segundo o site "guia do bebê", da uol: "Outra conseqüência que a chupeta traz é a alteração da arcada dentária como a mordida aberta e a mordida cruzada. A criança fica com os dentes tortos e com a face desarmônica, isto é, um lado do rosto diferente do outro, contribuindo ainda mais para a dificuldade de mastigar, deglutir e falar."

fora esses males encontrados na pesquisa, eu pessoalmente acredito que o uso da chupeta contribui para a diminuição da relação afetiva entre os pais e o bebê. é fácil dar a chupeta para que a criança se acalme e "não incomode" com seu choro ou "manhas", e isso diminui as chances que os pais e mães teriam de conversar para acalmá-la, dar colo, carinho, brincar, passear etc.

paternidade ativa é paternidade participativa!
vamos evitar ao máximo o uso de chupetas e aumentar os nossos consolos às crianças em formas de abraço, colo e bastante carinho.


abraço.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

me preparando para chutar alguns baldes




há um bom tempo contestar coisas "incontestáveis" é uma das coisas que eu mais gosto de fazer.
não pelo simples fato de ser do contra, nada disso; eu apenas não engulo as coisas tão facilmente assim.
meu pai tem uma generosa parcela de (boa) culpa por isso. desde pequeno ele sempre me ensinou a perguntar porque tal coisa era assim ou assado, a não dar amém pra tudo que eu ouço.


aí eu tenho um filho e cada vez mais eu ouço, de todos os cantos, coisas que me soam como papagaiadas que essa meleca chamada senso comum instituiu como verdade.


e o engraçado é que as pessoas questionam a nanã e eu por certas decisões com base em nada mais que... o senso comum! e vai explicar pra pessoa que não tem problema nenhum em sair com a criança recém-nascida na rua, mesmo sem tomar vacina, que não é uma boa idéia dar chupeta, etc, etc.


as que mais tenho ouvido são:
- o leite da mãe é fraco (juro que não consigo entender essa)
- quanto tempo ele tem? nossa, já estão saindo com ele na rua?!
- ele tá chorando muito, né? por que não dão uma chupeta ao menino?
- tem que apertar o umbigo pra ele não ficar pra fora
- faz mal deixar o bebê na vertical no seu colo, porque faz mal pra coluna dele
- não vacinou ele ainda?! por que não? tem que vacinar!
- o bebê tem que beber água quando tem sede
- e a lista segue...


nas próximas semanas quero me dedicar a estudar cada uma dessas "verdades" que foram instituídas pelo senso comum e postar aqui o que eu descobri ou não a respeito.
até então, todas as que listei acima são balela, são achismo da nossa sociedade e simplesmente se tornaram senso comum.


questionar o senso comum faz bem.
acompanhe.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A falta de um texto, um pouco de história, um final de semana lindo


William Roberts, The Happy Family (1924)


Na terça-feira da semana passada era pra ter texto novo, conforme o prometido. Não rolou. O Tito teve crises malucas de choro e nada, nada do que a Nanã e eu fazíamos adiantava. Anda com ele no colo daqui, bota música, chacoalha o menino, canta, põe no sling, faz barulho de chiado ao pé do ouvido, liga o secador de cabelo, enrola ele bem apertadinho, anda mais um pouco, tenta fazer dormir, dá de mamar, banho, troca a fralda, vai com ele ao colo pra bola de pilates, mais um pouquinho de música, deixa ele quieto  (“acho que é estímulo demais, amor”), faz massagem na barriga, bota pra arrotar, troca de roupa, de posição, anda mais um pouco, faz carinho, deixa quieto de novo, mais sling, outro banho, nada, nada, nada adiatava... O choro estridente não parava. Cessava por uns quinze ou vinte minutos, em que ele, já super cansado, dormia de leve, mas em seguida voltava com tudo e dá-lhe pulmões fortes.
Foi surtante. A Nanã nem pensou duas vezes, ligou para um pediatra antroposófico e agendou consulta para o Tito no dia seguinte. Valeu a pena, conversamos bastante sobre alternativas não medicamentosas para aumentar o nosso vínculo com o bebê e ajudar a diminuir o desconforto que ele ainda tem com seu sistema digestivo, que ainda é muito imaturo.



Pois bem, justificativa para um texto a menos no blog dada. Para o texto dessa semana, quero rapidamente dizer como foi e está sendo prazeroso compartilhar conhecimentos, aprendizados, erros, acertos e experiências com famílias que tem visões convergentes com as nossas sobre a maternidade e a paternidade.
Antes de decidirmos ter um filho, a Nanã conheceu a lista de discussão Materna_SP, moderada pela parteira (bióloga e enfermeira obstetra) Ana Cris Duarte. Após alguns bate-papos sobre maternidade com a mulherada da lista, ela se interessou em participar dos encontros de gestantes que rolam semanalmente no GAMA – Grupo de Apoio à Maternidade Ativa, e eu acabei entrando no mesmo barco.
No começo achei meio estranho essa idéia, parecia que eu iria para uma reunião dos AA. Mas logo percebi que eu tinha muito a aprender com essa turma e fui, aos poucos, virando fã dessas mulheres que resolveram chutar o balde do senso comum quando o assunto é maternidade e buscar por conta própria respostas que normalmente vemos mascaradas nos hospitais. Mas esse é um assunto pra depois.
Blá blá blá, engravidamos, escolhemos um parto em casa, o Titão nasceu, tudo certo, eu feliz da vida. O ponto principal dessa história é o encontro das maternas (e dos paternos, e das suas respectivas crianças, obviamente) que aconteceu nesse último final de semana, num hotel em São Roque, organizado pela Ana Cris.
Foi fantástico. Várias famílias e casais a favor de uma paternidade/maternidade mais humanitária e que resolverem questionar algumas “regras” e hábitos existentes no universo da concepção e da educação de um filho reunidos apenas para relaxar, trocar idéias, beber, comer, se divertir e estreitar o laço com os demais.
Todas as mães amamentando seus filhos felizes e todos os bebês lindos e saudáveis, felizes. Criancinhas maiores correndo em volta da piscina peladinhas e alegres, outras choravam alto e os pais não ficavam com vergonha, fazendo o filho parar de chorar na frente de estranhos. Ao contrário, eles pegavam seus filhos no colo e procuravam acalmá-los com carinho, com conversa, com respeito.
Várias, mas várias crianças e bebês desfilando sorridentes (ou capotadas de sono) penduradas nos slings com suas mães ou com seus pais. E várias, mas várias pessoas do hotel e demais hóspedes que não eram da nossa “tribo” nos olhando de um jeito estranho. Foi muito gostoso e engraçado.
Eu ficaria por linhas e linhas dizendo várias coisas bacanas que vi e falando das pessoas maravilhosas que conheci, mas vou listar apenas algumas delas:



- O encanto que as crianças tem por piscina;
- Uma palestra sobre café com um dos paternos presentes que é barista;
- Jantar de sábado com direito a um paterno que sabe cuspir fogo!
- Eu fazendo malabarismo e a cada cinco minutos parado por alguma criança que ou chegava perigosamente perto demais pra assistir ou que me pedia uma bolinha emprestada;
- Horas e mais horas de conversas com mães e pais que acham um absurdo dar chupeta, que não são neuróticos por vacinas, ou por remédios, ou por excesso de roupas nas crianças, ou por tirar logo a criança do peito, ou...;
- Um (impressionante) menino de dezesseis anos que é mágico, filho de uma materna!
- Pais de sling;
- Eu com lágrimas nos olhos ao ver um grupo de maternas orientadas pela Isadora Canto num coral lindo, com toda turma ao redor assistindo;
- Pessoas felizes com as suas (conscientes) escolhas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Os 10 primeiros dias

Há algum tempo estou para escrever nesse blog. A idéia do Ser Paterno surgiu quando a Nanã (esposa) estava com mais ou menos cinco meses da gravidez do Tito, e o intuito era basicamente discutir como os pais podem contribuir para uma maternidade mais ativa e consciente das mamães.

Sinceramente, a empolgação mesmo para criar o blog veio após um dos encontros que ocorrem às quintas-feiras no GAMA (Grupo de Apoio à Maternidade Ativa), na Vila Madalena, no qual uma grávida disse com os olhos enchendo de lágrimas que gostaria muito de realizar o parto do seu bebê em casa, mas que seu esposo não compartilhava o mesmo interesse e dizia nem querer discutir sobre o assunto.

Nós temos que discutir o assunto! O parto é um ato simbólico que representa muito para as mulheres, e nós, homens, temos que ao menos ter sensibilidade para ouvi-las e discutir as suas escolhas e os benefícios e os eventuais riscos que cada uma pode trazer.

O nome foi intuitivo e nem cogitei algum outro. A Nanã se empolgou. Alguns dias passaram... e eu nada escrevi. Empolgação para criar o blog eu tive, mas faltava inspiração para mantê-lo ativo.

Resolvi esperar a chegada do Tito para estrear em definitivo com chave de ouro no dia de seu nascimento! Mas o trabalho de parto foi tão intenso, extenso e exaustivo para nós três que fui consumido pela paternidade nos primeiros dias de vida dele e o blog mais uma vez sumiu da minha cabeça...

Sem clichês nem nada, achei que hoje seria um bom dia. 12 de outubro, dia das crianças, 10 dias de vida do nosso Tito... enfim, eu tenho coisas a dizer e quero compartilhá-las por aí.

Inicio meus relatos sobre o mundo paterno dizendo como foram esses 10 primeiros dias de vida de meu filho, o que eu aprendi, o que senti, o que percebo que está dando certo e quais dúvidas ainda tenho. Por conta disso, a escrita desse primeiro texto será mais direcionada para os pais, assim como eu, de primeira viagem, ou para aquele que pensa em ter filho.


1
Não importa o que você pensava a respeito da paternidade antes de se tornar pai. A realidade chega de solavanco assim que você pega seu bebê no colo, e é milhões de vezes mais legal, gostoso e maravilhoso que você jamais podia imaginar.

2
Mantenha a calma quando seu bebê estiver chorando e procure consolá-lo. Se você se desesperar porque seu bebê chora, imagine o quão pior o cenário poderá ficar. Otimismo e paciência contam muito.

3
Não fique feito barata tonta procurando o que fazer a todo momento e nem relaxe demais quando tudo estiver sob controle e o bebê estiver calmo e tranqüilo. Pergunte à sua companheira o que ela gostaria que você fizesse ou se você pode ajudar em alguma coisa a mais. Ao fazer isso, passei a receber sorrisos e olhares de gratidão nunca antes visto em minha esposa.

4
Eu achava (de verdade) que o cheirinho de bebês tal como conhecemos foi inventado pela indústria de cosméticos até que eu cheirei a cabeça do meu filho sem ele ter tomado banho ou passado qualquer tipo de produto. É um cheiro delicioso, único e viciante. (e é natural!)

5
Esqueça as dores nas costas.

6
Não se frustre ao tentar fazer seu bebê sorrir e não ser correspondido. Ele tem o tempo dele.

7
Procure seriamente descobrir algo que acalme seu bebê e faça disso uma “válvula de escape” para situações de choro desesperador. Eu descobri que o nosso recém-nascido adora ficar no sling e também ouvir uma música específica enquanto eu danço de leve com ele no colo. Ter descoberto isso logo nos primeiros dias tem ajudado bastante.

8
As pessoas irão dar palpites sobre o que você deveria ou não fazer com o seu bebê. Às vezes eles falarão coisas que fazem sentido, noutras, dirão apenas o que é senso comum porque “todo mundo faz assim”. Para os casos em que você não concorda com as dicas, aprenda a nobre arte de abstrair.

9
Eu nunca sei se estou passando pomada demais ou de menos no bumbum dele nas trocas de fraldas, quando foi a última vez que passei, se faz mal passar toda vez, se é melhor deixar a pele secar ao ar livre e só depois vestir. Aceito sugestões.

10
Por que ele teima em fazer xixi em quase todas as trocas de fralda?



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P.S. 1: a música com a qual o Tito se acalma é Sunday Smile, do Beirut
P.S. 2: toda terça-feira terá atualização do blog! Acompanhe.