segunda-feira, 30 de novembro de 2009

balde 3: o leite materno é fraco (?)





já ouço de algum tempo (antes de planejarmos ter um filho) essa história de que o leite da mãe "é fraco", que é melhor dar comida logo para o bebê, que não há mal nenhum em desmamar a criança logo nos primeiros meses de vida, etc etc.

como esse é um assunto muito delicado, começarei delicado como um elefante: a organização mundial da saúde enfatiza categoricamente que a amamentação deve ser exclusiva até os seis meses de vida do bebê.
o dicionário houaiss define a palavra "exclusiva" como: 'que exclui, que elimina; que é privada ou restrita'.

ou seja, durante os primeiros seis meses, apenas leite materno, nada mais.

mas ainda rola um mito de que é melhor complementar a alimentação com outros alimentos e até vitaminas e suplementos infantis, na expectativa de prover o melhor para o bebê. porém, não há nada que um bebê precise mais nos primeiros meses que o leite de sua mãe.
além de ser rico em gordura, proteína e cálcio, que ajudam o bebê a crescer e a ganhar peso naturalmente, o leite materno é a principal fonte de anticorpos que a criança tem para os primeiros meses ou até anos de vida.

em muitos casos, várias mães e pais caem no conto dos (maus) médicos que dizem que a criança deve tomar algum leite artificial para ajudar em sua alimentação e por isso contribuem para o desmame precoce de seus filhos.

pra piorar, há ainda há quem diga que deu mesmo leite artificial pro seu filho, entuchou comida cedo e "ele está bem". em primeiro lugar temos que definir de uma vez por todas o que é estar bem.
vejo várias pessoas que dizem ter mamado por pouquíssimo tempo quando bebê e que não tem perfeitas condições de saúde ou que tem grande dificuldade de aprendizado por não terem desenvolvido plenamente sua capacidade intelectual; em outros casos, pessoas com imunidade super baixa, que adoecem facilmente, o que pode ser reflexo de pouca ingestão do leite materno.
como as pessoas insistem em dizer que está tudo bem?  juro que não consigo entender isso.

além da amamentação exclusiva por seis meses, a orientação é que após esse período seja feita a introdução de outros alimentos, porém mantendo o aleitamento materno por até os dois anos de idade da criança, aproximadamente.

o ministério da saúde do brasil criou agora em 2009 um documento científico para divulgar aos médicos sobre a importância da amamentação e os risco do desaleitamento materno precoce intitulado "a legislação e o marketing de produtos que interferem na amamentação: um guia para o profissional de saúde".
logo no começo esse material diz:

“embora o leite humano e a prática de amamentar sejam o melhor, muitas crianças são desmamadas precocemente e alimentadas com substitutos do leite materno com a utilização de mamadeiras. a substituição dessa prática natural representa importante fonte de lucros para produtores e distribuidores desses produtos. assim, uma eficiente promoção comercial utilizando técnicas de marketing abusivas é atitude que necessita ser controlada também pelos responsáveis pela Saúde Pública (...)”.

nos faz pensar, não?
abraço

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* link para a publicação do ministério da saúde: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/legislacao_marketing.pdf

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

balde 2: é perigoso sair com bebê recém-nascido na rua?

quando a nanã e eu saíamos com o tito à rua nas primeiras semanas várias pessoas nos olhavam e disparavam a implacável pergunta "já saindo com ele assim tão cedo?!".

procurei levianamente sobre o assunto e a orientação dos médicos é sempre algo como:
não há problema em sair com o recém-nascido desde que se evite lugares muito aglomerados, com pouca ventilação e más condições de higiene.


o tito nasceu em casa, pois preferimos o parto doméstico.
em sua segunda semana de vida tive que acompanhar a nanã ao hospital para ela fazer alguns exames e levei-o conosco.
algumas pessoas da família buzinaram, indignadas: "tem que levar esse menino daqui, não é seguro ele ficar no hospital".
engraçado é que as mesmas pessoas contavam que ele nasceria aonde? num hospital!
vai entender...

a neonatologista que acompanhou o nascimento do tito disse que certa vez a uma paciente que teve bebê no hospital perguntou alguns dias depois se poderia sair na rua com o recém-nascido.
a resposta:
_ você não teve seu filho no hospital e depois foi com ele para sua casa? então você JÁ saiu com ele na rua.


acho que isso encerra a questão.


abraço.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

balde 1: chupeta (acredite, os males são maiores que os benefícios)




dando início a sessão "chutando os baldes do senso comum", falarei rapidamente sobre porque não temos o menor interesse em dar chupeta ao tito e porque esse objeto aparentemente inofensivo para a criança pode trazer muitos danos a ela.

muitas mães e pais defendem o uso da chupeta para acalmar o bebê nos momentos de choro e facilitar a às vezes árdua tarefa de por o bebê para dormir. no entanto, esse hábito esconde alguns malefícios que, com o passar do tempo, podem ser tremendamente superiores que esses benefícios conquistados rapidamente e sem exigir muito esforço dos pais.


atrapalha a amamentação
em vários textos que li a preocupação com a amamentação do bebê que usa chupeta é enorme por parte dos especialistas. ao ficar com a chupeta na boca, a criança fica com a língua posicionada de uma maneira diferente da forma como a língua se comporta no momento de sugar o seio da mãe para mamar. o resultado é que, ao mamar, a criança tenta repetir o mesmo movimento que faz com a chupeta e, por não conseguir uma mamada tão eficiente, o leite demora mais para sair, o que pode irritá-la ou fazer com que a criança tenha uma ingestão menor de alimento que deveria ter.
um efeito colateral disso é que ela passa também a ingerir mais ar no momento da mamada, o que pode acarretar em muitos gases e desconfortos abominais em seguida.


prejudica a mastigação e a deglutição de alimentos
li em alguns textos e reportagens que o uso da chupeta pode deixar a criança com os músculos das bochechas, língua e boca flácidos, o que poderá acarretar em dificuldade de mastigar os alimentos e degluti-los da forma adequada.


prejudica a fala
outro problema ocasionado pela flacidez de alguns músculos da face é a fala mole e meio "desajeitada" da criança, com sons distorcidos e difíceis de entender.
"O uso freqüente e prolongado pode levar à má oclusão, respiração pela boca e enfraquecimento dos músculos do rosto", diz Patrícia Borges França, fonoaudióloga da Unicamp.


prejudica a formação da arcada dentária
segundo o site "guia do bebê", da uol: "Outra conseqüência que a chupeta traz é a alteração da arcada dentária como a mordida aberta e a mordida cruzada. A criança fica com os dentes tortos e com a face desarmônica, isto é, um lado do rosto diferente do outro, contribuindo ainda mais para a dificuldade de mastigar, deglutir e falar."

fora esses males encontrados na pesquisa, eu pessoalmente acredito que o uso da chupeta contribui para a diminuição da relação afetiva entre os pais e o bebê. é fácil dar a chupeta para que a criança se acalme e "não incomode" com seu choro ou "manhas", e isso diminui as chances que os pais e mães teriam de conversar para acalmá-la, dar colo, carinho, brincar, passear etc.

paternidade ativa é paternidade participativa!
vamos evitar ao máximo o uso de chupetas e aumentar os nossos consolos às crianças em formas de abraço, colo e bastante carinho.


abraço.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

me preparando para chutar alguns baldes




há um bom tempo contestar coisas "incontestáveis" é uma das coisas que eu mais gosto de fazer.
não pelo simples fato de ser do contra, nada disso; eu apenas não engulo as coisas tão facilmente assim.
meu pai tem uma generosa parcela de (boa) culpa por isso. desde pequeno ele sempre me ensinou a perguntar porque tal coisa era assim ou assado, a não dar amém pra tudo que eu ouço.


aí eu tenho um filho e cada vez mais eu ouço, de todos os cantos, coisas que me soam como papagaiadas que essa meleca chamada senso comum instituiu como verdade.


e o engraçado é que as pessoas questionam a nanã e eu por certas decisões com base em nada mais que... o senso comum! e vai explicar pra pessoa que não tem problema nenhum em sair com a criança recém-nascida na rua, mesmo sem tomar vacina, que não é uma boa idéia dar chupeta, etc, etc.


as que mais tenho ouvido são:
- o leite da mãe é fraco (juro que não consigo entender essa)
- quanto tempo ele tem? nossa, já estão saindo com ele na rua?!
- ele tá chorando muito, né? por que não dão uma chupeta ao menino?
- tem que apertar o umbigo pra ele não ficar pra fora
- faz mal deixar o bebê na vertical no seu colo, porque faz mal pra coluna dele
- não vacinou ele ainda?! por que não? tem que vacinar!
- o bebê tem que beber água quando tem sede
- e a lista segue...


nas próximas semanas quero me dedicar a estudar cada uma dessas "verdades" que foram instituídas pelo senso comum e postar aqui o que eu descobri ou não a respeito.
até então, todas as que listei acima são balela, são achismo da nossa sociedade e simplesmente se tornaram senso comum.


questionar o senso comum faz bem.
acompanhe.