terça-feira, 29 de dezembro de 2009

cama compartilhada: bom ou ruim para a família?


ultimamente eu ando questionando algumas pessoas que tem filhos se elas concordam ou não em dividir a cama com seus filhos pequenos na hora de dormir ou se prefere acostuma-los no berço ou em suas caminnhas desde bem pequenos mesmo.

quem já passou por isso?
quem concorda? quem discorda?
por favor, quero a opinião de mais pessoas a respeito, mesmo a de quem não tem filhos ainda, pois quero enriquecer mais minhas idéias a respeito desse tema.



deixe seu comentário que em breve eu pretendo retomar o assunto em forma de um texto com minha opinião e o que estamos tentando com o tito em casa.

até semana que vem.
abraço

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

consumo e o papai noel que entalou na chaminé



hoje eu tive que ir ao shopping comprar um presente de amigo secreto. é claro que estava completamente lotado. mas isso eu já esperava, foi um detalhe que não me chamou tanto a atenção.
mas uma outra coisa me causou espanto e um certo desconforto: o modo como as crianças estão cada vez mais ligadas em consumo.

e, pelo o que tenho visto, é um desejo de consumir apenas. somente consumo, ponto.
lembra daquela frase em inglês "ashes to ashes", "das cinzas as cinzas"? pois é, do consumo ao... consumo.
vejo crianças que imploram por um brinquedo num dia e, dois dias depois de ganhá-lo, não dão a menor bola para ele, já que agora ela quer na verdade aquela outra coisa que passou na tv ou que o amiguinho tal está usando e... pronto, lá vai a criança com foco no consumo mais uma vez...

no shopping eu vi uma cena que me deixou curioso e ao mesmo tempo incomodado.
lá estava eu caminhando quando vejo uma mãe (siliconada, com as unhas grandes, um vestido curto e uma sandália com um salto maior que a sua própria perna) com um filho de mais ou menos uns quatro anos travando uma verdadeira batalha: os dois em frente a uma famosa loja de brinquedos, ele chorando e gritando para todos ouvirem que queria entrar pra ganhar algum brinquedo, e a mãe tentando tirá-lo dali, puxando-o para o sentido contrário dizendo que "não é hoje que o papai noel vai te dar presente. vamo embora!".
e assim foi por uns 10 minutos (to falando sério).

óbvio que os dois saíram tristes e frustrados do passeio.
o menino por achar que a mãe é uma malfeitora por não ter dado um presente novo a ele.
a mãe por se sentir uma incompetente pois não conseguiu lidar com a situação e também porque não cedeu a vontade do garoto.

andei por outros andares e fiquei prestando atenção nas crianças.
juro que só vi um menino feliz. todas as outras crianças estavam com a cara fechada, olhando feio para os pais, brigando, resmungando alguma coisa como "que saco, eu só queria tal coisa...".
olhares perdidos entre as vitrines, quase zero de interação com os pais (a não ser para reclamar, xingar, receber  broncas e alguns puxões para andarem logo).
triste, bastante triste.

ok, quem tem filho grandinho pode pensar que eu estou sendo ingênuo e que "um dia eu chego lá" e vou ver o que é bom pra tosse, que meus filhos também serão assim.
pode até ser, mas uma coisa eu tenho bem claro em minha mente: eu vou manter meus filhos o mais distante possível dessa onda de consumo que tem assolado a infância dos nossos pequenos.
ah, se vou!

ao invés da velha abordagem "se você se comportar bem, no final do ano o papai noel vai te dar um presente", eu vou me esforçar junto com a nanã para buscar alternativas criativas e mais carinhosas como "que tal no natal a gente fazer uma viagem gostosa e ficarmos todos juntos por um tempão?", "nesse natal a gente vai visitar o zoológico", ou algo assim.

nunca concordei com essa história de que todo natal tem presente, tem papai noel trazendo "recompensas" pelo o que você fez ou deixou de fazer.
lembro de meus pais não criando uma fantasia exagerada a respeito do papai noel.
nunca ninguém da família se vestiu com as roupas do bom velhinho, nunca esperei nenhum presente dele (até onde me lembre), porque eu sabia que papai noel não existia e que se eu fosse ganhar um presente quem o daria seriam meus pais.
simples assim.
justo assim.
sem frustrações, sem pedidos exagerados.
e a na minha infância e na da minha irmã não faltava fantasia por conta disso. a gente brincava muito, ouvíamos historinhas, tínhamos nossos livros de contos de fadas, criávamos nossos mundos imaginários, etc, etc.

a nanã e eu ainda não decidimos se vamos falar que papai noel existe ou não, mas já é certo que não concordo em associar a imagem dele ao recebimento de presentes e mais presentes.
acho que isso, cedo ou tarde, pode se tornar um tiro que uma hora vai sair pela culatra.
e o resultado é decepção para os dois lados.

pra encerrar, nesse ano eu vi dois documentários sobre como o consumo está sendo tão bombardeado na cabeçinha tão inocente das crianças, que cada vez mais cedo passam a saber o nome das marcas e dos brinquedos e roupas da moda e cada vez mais tarde passam a saber o nome de frutas, legumes e boas histórias da literatura infantil.
eu acho uma pena.

é uma pena porque as crianças deixam de ser crianças cada vez mais cedo (para lá na frente se tornarem adultos bobos e infantilizados, que falam com voz de criança de propósito entre si, se tornam depressivos e emocionalmente dependentes por não terem tido uma infância plena e prolongada).
e também é uma pena pois a mídia voltada a criança pinta os pais como os vilões que não querem dar a ela seus objetos de desejo.
e aí o impasse está feito, o circo está armado e as cenas que eu vi hoje no shopping se tornam mais e mais comuns.

concordo que vivemos num mundo capitalista e eu mesmo assumo que sou capitalista sim.
mas eu não gosto do exagero que o consumo traz para a vida das pessoas.
desde pequeno aprendi a esperar para ter minhas coisas, a ouvir um "não" e saber respeitar essa palavra.
a ouvir um "sim" e dar um baita valor a essa outra, pois afinal eu tive que esperar a tão desejada palavrinha mágica chegar após pedir por algum presente.

na minha modesta opinião, acho que os pais devem se esforçar para passar mais tempo com suas crianças buscando formas alternativas de diversão, e não apenas dar coisas materiais para que elas se entretenham sozinhas ou entre si.
sentar na grama, brincar com barro, tomar banho de chuva, fazer sucos diferentes, visitar parques, assistir a filmes juntos.
há tanta coisa que pode entrar no lugar de "toma aqui seu brinquedo"!

para quem se interessar, seguem os nomes e os links para os vídeos que citei.
é de ficar revoltado com o que a mídia e as empresas vem fazendo para alcançar o público menor.

vídeo: criança, a alma do negócio
vídeo: consuming kids (legendado)

até a próxima semana.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

balde 4: sling: pendurar ou não?







em diversas culturas africanas e asiáticas há séculos as mães usam panos e couros para pendurar seus bebês e com isso conseguir mais mobilidade para os afazeres diários e também manter a criança em contato contínuo com seus corpos para que assim se torne mais calma e segura.

há algumas décadas os países ocidentais tem adotado penduradores como o sling (que significa 'suspender' ou 'pendurar' em inglês) nas práticas de cuidado com os bebês, e os resultados positivos tem sido cada vez mais tangíveis e concretos.

no entanto, apesar da sua longínqua origem e de seu uso trazer uma série de benefícios - tanto para os pais como para os bebês - parece haver muito receio, muitas dúvidas e preconceitos a respeito dos slings.
uma rápida pausa: antes de resolvermos engravidar, eu procurei um sling para dar de presente à nanã, como uma prova de que "eu estava pronto" para a tarefa de ser pai. fui em algumas lojas e em duas delas as vendedoras me informaram que não tinham sling à venda e ainda me deram uma leve bronca, dizendo que isso faria mal para o bebê, que ele ficaria muito apertado envolto ao pano e que poderia fazer mal à sua coluna.
nem argumentei muito, saí à procura do item que seria um símbolo para a nossa decisão de ter um filho.

voltando às duvidas e aos preconceitos, em várias ocasiões quando estávamos em público com o tito as pessoas nos olharam com uma cara de "o que esses malucos estão fazendo com essa criança aí dentro desse treco?" e em alguns momentos rimos, noutros ignoramos, e, nas vezes em que éramos abordados por estranhos, argumentávamos sobre o bem do sling e o quanto isso acalma nosso pequeno filho.

certo. mas e os tais benefícios?
a primeira coisa que notamos ao usar o sling foi o benefício que ele traz para o sono do tito. ele fica muito mais calmo, pois recebe o calor do nosso corpo, ouve nossos batimentos cardíacos, sente a nossa respiração e fica constrito, tal como estava acostumado a ficar no útero.
muitos especialistas defendem que o sling para o bebê é justamente uma forma de regressão ao ventre materno, por isso ele se sente tão confortável e seguro.
outro grande benefício é a interação que o bebê tem com a mãe, que pode facilmente amamentá-lo enquanto carrega-o no sling.
a atenção e o carinho que o bebê recebe quando está no sling também é fundamental para a sua auto-estima. aliás, o pediatra norte-americano harvey karp, autor do livro e do dvd "o bebê mais feliz do pedaço" conta que há uma tribo africana chamada "kung" em que as mães carregam seus filhos pequenos por quase 24 horas em penduradores de couro. após um estudo, cientistas que acompanharam a tribo concluíram que esses bebês não choram ou quase nunca choram, e a conclusão é que isso se deve ao fato de eles terem as suas necessidades (de atenção, de carinho, de alimento, etc) atendidas imediatamente assim que eles nascem.

até aí, ok. mas a dúvida é inevitável: esses bebês não vão ficar mimados e mal acostumados demais?
o dr. karp tem a certeza do contrário.
ele defende que um bebê que é acalmado logo quando ele dá um sinal de alerta cresce mais seguro e confiante no mundo externo, já que seus pais nunca deram motivo para ele se desesperar ou entrar em pânico quando algo o assusta. dessa forma, o bebê tende a se tornar mais independente conforme cresce e seguro em relação ao acontecimentos fora do ventre de sua mãe.

quando perguntado se os bebês que recebem muito colo - ou que passam muitas horas do dia pendurados em slings - vão ficar mal acostumados, o dr. karp diz que na verdade os bebês recém-nascidos já saem do útero acostumados com calor, com os barulhos do corpo de sua mãe, com alimento à vontade e à qualquer momento.
ele passou meses num ambiente que provia essa estabilidade e agora fica horas num cenário totalmente novo, por isso é normal o bebê se assustar e se irritar com as coisas mais bobas (como uma vontade de arrotar) e então chorar.
se você passar metade do dia com seu bebê pendurado num sling ou outro tipo de pendurador parecido, já estará cortando 50% do tempo em que ele está acostumado a ter do conforto que tinha quando estava no útero.

fora isso, o dr. william sears, pediatra que cunhou pela primeira vez o termo attachment parenting, concluiu que o ato de carregar os bebês estimula a liberação do hormônio progesterona (que estimula a produção de leite) na mãe, aumentando o laço afetivo entre mãe e filho, e diminui a incidência de depressão pós-parto e outras doenças psicossomáticas na mulher.

ele diz também que os bebês que são frequentemente 'pendurados' tem maior interação social, pois estão mais próximos às pessoas e dessa forma podem estudar expressões faciais, aprender a linguagem nativa mais rapidamente e se tornar mais familiares à linguagem corporal.

eu tentei encontrar desvantagens sobre o uso de slings e wraps e juro que não encontrei nenhuma.

até semana que vem.
abraço