terça-feira, 31 de agosto de 2010

a aula de natação e a inevitável projeção


na última sexta-feira peguei folga do trabalho para acompanhar o tito em sua primeira aulinha de natação.
adorei ver a sua ansiedade para entrar logo na água, interagir com os outros bebês, brincar.
fora da piscina, esperando a hora para entrar, o pequeno mal se aguentava, olhava atentamente para a piscina, apontava, me olhava, olhava para a mãe, para a água novamente, se agitava...

foi uma delícia e foi inevitável não pensar "será tão legal se ele quiser ser nadador".
no mesmo instante sumi com esse pensamento da cabeça e foquei em apenas curtir o momento com ele.
ali, naquela hora, naquele ambiente acolhedor, e nada mais - sem sonhos para o futuro, sem "o que será que ele vai querer fazer quando crescer?", sem expectativas.

definitivamente não quero ser um pai que tenta fazer com que o filho realize os seus sonhos fracassados ou nunca tentados de outrora.

durante muito tempo fui nadador amador e eu amava isso.
durante algum tempo eu fui escalador (quase) amador e eu adorava isso.
durante sei-lá-quanto-tempo eu me esforcei para ser malabarista e hoje estou bem resolvido em assumir que é apenas um hobby e disso não passará.
e a lista segue.
.
.
.
a nanã e eu combinamos que não queremos cultivar em nosso filho o sentimento de disputa, de competição, mas eu sempre lhe perguntava "e se ele resolve virar nadador e quiser competir? não vamos incentivar isso?".
era a minha vontade em ser mais alto e mais talentoso na natação sendo projetada ao meu filho e falando por mim.
a nanã adora dança e nos primeiros meses de vida dele dizia que seria o máximo se o tito se tornasse bailarino.
era a vontade dela em ter um filho artista falando mais alto.

o fato é que, no fundo, sabemos que ele será o melhor que ele puder ser naquilo que escolher fazer, e nós não devemos interferir em suas escolhas.
torceremos feitos tietes malucas por ele, seja em qual campo de atuação for, desde que seja para o bem.
e que saibamos conter nossos sonhos não realizados e nossas expectativas quanto ao seu futuro para nós mesmos, a ponto de deixá-lo livre para seguir seu caminho, feliz e confiante.

_______
meu filho, que você mantenha o brilho lindo que eu vi em seus olhos na sua primeira aula de natação para tudo aquilo a que se dedicar.
eu vou te apoiar e torcer muito para que você trilhe um bom caminho, seja ele qual for.
tenho certeza de que você se sairá muito bem.
eu te amo demais.

--
imagem: arquivo pessoal

terça-feira, 10 de agosto de 2010

mais carinho = menos estresse


no último 26 de julho o jounal of epidemiology and community health (jornal de epidemiologia e saúde comunitária) publicou um estudo que mostra que dar bastante carinho e afeto ao bebê nos primeiros meses de vida os ajuda a serem adultos mais equilibrados emocionalmente.

o estudo, intitulado "mother's affection at 8 months predicts emotional distress in adulthood" (algo como "afetividade materna até os 8 meses dita o sofrimento emocional na vida adulta") durou vários anos e contou com a participação de 482 pessoas (homens e mulheres) da cidade de rhode island, nos estados unidos.

já acreditava-se na forte relação entre o afeto materno nos primeiros dias e meses de vida do bebê com uma vida adulta mais equilibrada e tranquila do ponto de vista emocional, mas até então os estudos feitos baseavam-se unicamente em lembranças obtidas pelos entrevistados já na fase adulta.

o novo estudo teve início na década de 1960, época em que a interação entre bebês com até 8 meses e suas mães foi analisada por psicólogos e classificadas numa "escala de afetividade".

por meio de testes, vários dados a respeito da afetividade entre esses adultos quando bebês e suas mães foram comparados, sendo então relacionados ao seu controle emocional na vida adulta.

nos casos em que o "grau" de afetividade foi "baixo" ou "normal" não foi observada muita variação entre os  níveis de ansiedade, hostilidade e controle emocional dos adultos. no entanto, quando a afetividade entre mãe e bebê foi considerada "elevada", os adultos mostraram desempenho muito melhor a respeito desses indicadores.

diz o estudo: "elevados níveis de afeto das mães para com seus bebês de até 8 meses são associados a menores sintomas de problemas emocionais em seus filhos 30 anos mais tarde, quando comparados a filhos de mães que demonstraram índices baixos ou normais de carinho e afeto".

"as descobertas apresentadas apóiam fortemente a afirmação de que até mesmo as experiências dos primeiros momentos de vida de um bebê podem influenciar na sua saúde adulta e enfatizam a importância de se ter um relacionamento altamente afetivo (com o bebê)".

--
imagem: arquivo pessoal

terça-feira, 3 de agosto de 2010

não bata, eduque


oi, pessoal.


resolvi compartilhar a importância de um site super coeso e sério sobre um assunto grave e muitas vezes esquecido: a violência infantil (seja física ou moral), que viola os direitos da criança.
segue um trecho interessante escrito lá:

"embora para o senso comum, a “pedagogia da palmada” seja simplesmente um instrumento corretivo (ou preventivo), ela encerra um problema muito maior que é a banalização do uso da violência como meio de solucionar conflitos. além disso, ensina a criança que a violência é uma maneira plausível e aceitável de se solucionar conflitos e diferenças, principalmente quando você está em uma posição de vantagem física frente ao outro."

vale a pena conferir.
ao usarmos da nossa força ou da nossa "hierarquia" por meio de palavras e atitudes ríspidas, ensinamos à criança que "vence o mais forte", e isso não é um exemplo lá muito bom a se dar. é por atitudes assim que temos adultos tão violentos hoje, pois desde pequenos seus pais e mães mostraram que quem fala mais alto ou bate mais forte ganha. isso tem que mudar!


acredita-se que as crianças que sofrem violência, seja ela psicológica ou física, tendem a se tornar adultos retraídos, introspectivos, com problemas de relacionamento e baixa auto-estima.


é possível educar com ternura. obediência que vem com respeito é imensamente melhor e mais duradoura que obediência conquistada na força, no grito.


não bata, eduque!
visite o site

--
imagem: logo do website não bata, eduque.