
para uma mulher decidir qual tipo de parto ela vai preferir não é uma decisão simples, é algo muitas vezes assustador, rompedor de paradigmas familiares, que pode testar seus limites, suas crenças.
se algo não sair como ela havia sonhado, tudo pode desabar.
infelizmente é assim.
é infinitamente pior ver uma mulher que queria um parto humanizado e no fim teve que passar por uma cesárea que ver uma outra que escolheu a cirurgia por algum motivo qualquer, inclusive com data marcada.
é comum que a segunda, a que agendou a cesariana, não faça a menor idéia dos inúmeros benefícios que o bebê tem com o parto natural, nem das atrocidades médicas que fazem hospitais a fora em procedimentos-padrão, como na cirurgia que ela escolheu para trazer seu bebê ao mundo.
a ignorância é uma benção, dizem.
enquanto ela sai da maternidade feliz, a primeira, que queria um parto vaginal e teve que fazer a cirurgia, sai com uma cicatriz que ela não escolheu.
depois que o filho nasce, as escolhas e as não-escolhas continuam.
ao invés de se questionar "por que dar chupeta?" e ir pesquisar a respeito, é mais fácil e prático simplesmente dá-la ao bebê, já que a maioria faz isso.
quem não dá a chupeta provavelmente se sacode pra fazer o bebê se acalmar de outras formas, fica mais atento aos sinais de irritação dele, ao choro.
quando nada do já conhecido repertório funciona, o estresse chega e o cansaço bate, é difícil não pensar "por que eu não dou logo uma chupeta e acabo com isso?".
há mães que ouvem dos pediatras que é preciso dar leite artificial para complementar a alimentação do bebê nos primeiros meses de vida e assim o fazem sem questionamentos.
super simples.
são necessários uma lata de leite infantil e pelo menos uma mamadeira. ah! e alguém para alimentar o bebê.
quando uma mãe mais consciente decide que vai seguir a recomendação da OMS e amamentar exclusivamente sua cria por seis meses, a coisa é bem mais complicada.
você não precisa de mamadeira, mas de disposição para amamentar quando o bebê quiser.
não é qualquer pessoa que pode alimentá-lo, apenas a dona do peito.
sem contar que no brasil a licença maternidade obrigatória é de quatro meses, e não seis...
a escolha da amamentação exclusiva é linda, mas não é fácil.
como diz a nanã "pra amamentar tem que querer muito".
toda criança chora, mas não concordamos em deixar a criança chorar por muito tempo sem que a gente dê o suporte necessário para que o choro pare: colo, carinho, atenção, peito para ele mamar, banho, trocar fralda, de posição, o que for.
seria mais fácil fazer como a maioria e "deixar a criança chorar um pouco".
não, não pensamos assim.
é bonita a visão romântica do "farei o possível para não deixar meu filho chorando". mas é uma escolha difícil, muito difícil.
tem horas que nada funciona e o choro continua, os berros chegam.
a gente pensa por um segundo em desistir, em deixar chorar.
não dá.
uma escolha maior foi feita antes.
em situações como essas há pessoas que nos olham com uma cara de pena, tipo "coitados de vocês".
sinceramente, eu preferia que fosse o contrário: "que lindo ver vocês seguindo suas convicções, sem desistir com os obstáculos".
mas isso eu sei que cabe a nós dizer a nós mesmos em voz baixa, ou aguardar um gesto carinhoso do companheiro que demonstre esse sentimento.
"não desiste agora, você tá quase lá".
eu sou vegetariano e mesmo antes de pensar em ter filho já apontavam o dedo dizendo que seria um absurdo se eu não desse carne para meus filhos, que toda criança precisa de carne.
não daremos carne ao tito e até hoje somos questionados sobre isso (na maioria das vezes é por pura curiosidade mesmo, e não por indignação).
confesso, ser vegetariano não é fácil.
e essa é uma visão pessoal.
eu tenho vontade de comer carne às vezes.
divido isso com a nanã, que as vezes me diz ter vontade de comer hamburger.
um ajuda o outro a superar a vontade, lembrando do porque seguimos esse caminho.
então continuamos felizes com nossas escolhas.
nem sempre escolher o mais fácil significa escolher o melhor.