terça-feira, 15 de dezembro de 2009

balde 4: sling: pendurar ou não?







em diversas culturas africanas e asiáticas há séculos as mães usam panos e couros para pendurar seus bebês e com isso conseguir mais mobilidade para os afazeres diários e também manter a criança em contato contínuo com seus corpos para que assim se torne mais calma e segura.

há algumas décadas os países ocidentais tem adotado penduradores como o sling (que significa 'suspender' ou 'pendurar' em inglês) nas práticas de cuidado com os bebês, e os resultados positivos tem sido cada vez mais tangíveis e concretos.

no entanto, apesar da sua longínqua origem e de seu uso trazer uma série de benefícios - tanto para os pais como para os bebês - parece haver muito receio, muitas dúvidas e preconceitos a respeito dos slings.
uma rápida pausa: antes de resolvermos engravidar, eu procurei um sling para dar de presente à nanã, como uma prova de que "eu estava pronto" para a tarefa de ser pai. fui em algumas lojas e em duas delas as vendedoras me informaram que não tinham sling à venda e ainda me deram uma leve bronca, dizendo que isso faria mal para o bebê, que ele ficaria muito apertado envolto ao pano e que poderia fazer mal à sua coluna.
nem argumentei muito, saí à procura do item que seria um símbolo para a nossa decisão de ter um filho.

voltando às duvidas e aos preconceitos, em várias ocasiões quando estávamos em público com o tito as pessoas nos olharam com uma cara de "o que esses malucos estão fazendo com essa criança aí dentro desse treco?" e em alguns momentos rimos, noutros ignoramos, e, nas vezes em que éramos abordados por estranhos, argumentávamos sobre o bem do sling e o quanto isso acalma nosso pequeno filho.

certo. mas e os tais benefícios?
a primeira coisa que notamos ao usar o sling foi o benefício que ele traz para o sono do tito. ele fica muito mais calmo, pois recebe o calor do nosso corpo, ouve nossos batimentos cardíacos, sente a nossa respiração e fica constrito, tal como estava acostumado a ficar no útero.
muitos especialistas defendem que o sling para o bebê é justamente uma forma de regressão ao ventre materno, por isso ele se sente tão confortável e seguro.
outro grande benefício é a interação que o bebê tem com a mãe, que pode facilmente amamentá-lo enquanto carrega-o no sling.
a atenção e o carinho que o bebê recebe quando está no sling também é fundamental para a sua auto-estima. aliás, o pediatra norte-americano harvey karp, autor do livro e do dvd "o bebê mais feliz do pedaço" conta que há uma tribo africana chamada "kung" em que as mães carregam seus filhos pequenos por quase 24 horas em penduradores de couro. após um estudo, cientistas que acompanharam a tribo concluíram que esses bebês não choram ou quase nunca choram, e a conclusão é que isso se deve ao fato de eles terem as suas necessidades (de atenção, de carinho, de alimento, etc) atendidas imediatamente assim que eles nascem.

até aí, ok. mas a dúvida é inevitável: esses bebês não vão ficar mimados e mal acostumados demais?
o dr. karp tem a certeza do contrário.
ele defende que um bebê que é acalmado logo quando ele dá um sinal de alerta cresce mais seguro e confiante no mundo externo, já que seus pais nunca deram motivo para ele se desesperar ou entrar em pânico quando algo o assusta. dessa forma, o bebê tende a se tornar mais independente conforme cresce e seguro em relação ao acontecimentos fora do ventre de sua mãe.

quando perguntado se os bebês que recebem muito colo - ou que passam muitas horas do dia pendurados em slings - vão ficar mal acostumados, o dr. karp diz que na verdade os bebês recém-nascidos já saem do útero acostumados com calor, com os barulhos do corpo de sua mãe, com alimento à vontade e à qualquer momento.
ele passou meses num ambiente que provia essa estabilidade e agora fica horas num cenário totalmente novo, por isso é normal o bebê se assustar e se irritar com as coisas mais bobas (como uma vontade de arrotar) e então chorar.
se você passar metade do dia com seu bebê pendurado num sling ou outro tipo de pendurador parecido, já estará cortando 50% do tempo em que ele está acostumado a ter do conforto que tinha quando estava no útero.

fora isso, o dr. william sears, pediatra que cunhou pela primeira vez o termo attachment parenting, concluiu que o ato de carregar os bebês estimula a liberação do hormônio progesterona (que estimula a produção de leite) na mãe, aumentando o laço afetivo entre mãe e filho, e diminui a incidência de depressão pós-parto e outras doenças psicossomáticas na mulher.

ele diz também que os bebês que são frequentemente 'pendurados' tem maior interação social, pois estão mais próximos às pessoas e dessa forma podem estudar expressões faciais, aprender a linguagem nativa mais rapidamente e se tornar mais familiares à linguagem corporal.

eu tentei encontrar desvantagens sobre o uso de slings e wraps e juro que não encontrei nenhuma.

até semana que vem.
abraço

3 comentários:

  1. Ai Fe, que delícia de trabalho de pesquisa você fez! Adorei!
    Beijo slingado.

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  2. Felipe, a única desvantagem do sling é encontrar gente ignorante na rua que vem te xingar (sim, isso aconteceu comigo, a Fer sabe). De resto, é a melhor coisa do mundo, não troco sling por nada!!!

    Com o proximo bebê vou comprar mais um sling, pra poder ter um de reserva se o outro sujar (acontecia isso eu tinha que sair com carrinho na rua, terrível... detestava ficar longe da minha pequena Lê. E ainda detesto, mesmo ela tendo se tornado independente, afinal, faltam 6 dias pra ela fazer 2 anos. E vai continuar em casa, comigo, apesar de comentários absurdos que tenho ouvido de não colocá-la na escola cedo... afff

    Bjos!

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  3. Também somos abordados na rua com a Duda no sling e ouvimos cada pérola.....tento informar quem me pára para olhar, mas ignoro comentários soltos.
    Viva o Sling!!!!

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