segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A falta de um texto, um pouco de história, um final de semana lindo


William Roberts, The Happy Family (1924)


Na terça-feira da semana passada era pra ter texto novo, conforme o prometido. Não rolou. O Tito teve crises malucas de choro e nada, nada do que a Nanã e eu fazíamos adiantava. Anda com ele no colo daqui, bota música, chacoalha o menino, canta, põe no sling, faz barulho de chiado ao pé do ouvido, liga o secador de cabelo, enrola ele bem apertadinho, anda mais um pouco, tenta fazer dormir, dá de mamar, banho, troca a fralda, vai com ele ao colo pra bola de pilates, mais um pouquinho de música, deixa ele quieto  (“acho que é estímulo demais, amor”), faz massagem na barriga, bota pra arrotar, troca de roupa, de posição, anda mais um pouco, faz carinho, deixa quieto de novo, mais sling, outro banho, nada, nada, nada adiatava... O choro estridente não parava. Cessava por uns quinze ou vinte minutos, em que ele, já super cansado, dormia de leve, mas em seguida voltava com tudo e dá-lhe pulmões fortes.
Foi surtante. A Nanã nem pensou duas vezes, ligou para um pediatra antroposófico e agendou consulta para o Tito no dia seguinte. Valeu a pena, conversamos bastante sobre alternativas não medicamentosas para aumentar o nosso vínculo com o bebê e ajudar a diminuir o desconforto que ele ainda tem com seu sistema digestivo, que ainda é muito imaturo.



Pois bem, justificativa para um texto a menos no blog dada. Para o texto dessa semana, quero rapidamente dizer como foi e está sendo prazeroso compartilhar conhecimentos, aprendizados, erros, acertos e experiências com famílias que tem visões convergentes com as nossas sobre a maternidade e a paternidade.
Antes de decidirmos ter um filho, a Nanã conheceu a lista de discussão Materna_SP, moderada pela parteira (bióloga e enfermeira obstetra) Ana Cris Duarte. Após alguns bate-papos sobre maternidade com a mulherada da lista, ela se interessou em participar dos encontros de gestantes que rolam semanalmente no GAMA – Grupo de Apoio à Maternidade Ativa, e eu acabei entrando no mesmo barco.
No começo achei meio estranho essa idéia, parecia que eu iria para uma reunião dos AA. Mas logo percebi que eu tinha muito a aprender com essa turma e fui, aos poucos, virando fã dessas mulheres que resolveram chutar o balde do senso comum quando o assunto é maternidade e buscar por conta própria respostas que normalmente vemos mascaradas nos hospitais. Mas esse é um assunto pra depois.
Blá blá blá, engravidamos, escolhemos um parto em casa, o Titão nasceu, tudo certo, eu feliz da vida. O ponto principal dessa história é o encontro das maternas (e dos paternos, e das suas respectivas crianças, obviamente) que aconteceu nesse último final de semana, num hotel em São Roque, organizado pela Ana Cris.
Foi fantástico. Várias famílias e casais a favor de uma paternidade/maternidade mais humanitária e que resolverem questionar algumas “regras” e hábitos existentes no universo da concepção e da educação de um filho reunidos apenas para relaxar, trocar idéias, beber, comer, se divertir e estreitar o laço com os demais.
Todas as mães amamentando seus filhos felizes e todos os bebês lindos e saudáveis, felizes. Criancinhas maiores correndo em volta da piscina peladinhas e alegres, outras choravam alto e os pais não ficavam com vergonha, fazendo o filho parar de chorar na frente de estranhos. Ao contrário, eles pegavam seus filhos no colo e procuravam acalmá-los com carinho, com conversa, com respeito.
Várias, mas várias crianças e bebês desfilando sorridentes (ou capotadas de sono) penduradas nos slings com suas mães ou com seus pais. E várias, mas várias pessoas do hotel e demais hóspedes que não eram da nossa “tribo” nos olhando de um jeito estranho. Foi muito gostoso e engraçado.
Eu ficaria por linhas e linhas dizendo várias coisas bacanas que vi e falando das pessoas maravilhosas que conheci, mas vou listar apenas algumas delas:



- O encanto que as crianças tem por piscina;
- Uma palestra sobre café com um dos paternos presentes que é barista;
- Jantar de sábado com direito a um paterno que sabe cuspir fogo!
- Eu fazendo malabarismo e a cada cinco minutos parado por alguma criança que ou chegava perigosamente perto demais pra assistir ou que me pedia uma bolinha emprestada;
- Horas e mais horas de conversas com mães e pais que acham um absurdo dar chupeta, que não são neuróticos por vacinas, ou por remédios, ou por excesso de roupas nas crianças, ou por tirar logo a criança do peito, ou...;
- Um (impressionante) menino de dezesseis anos que é mágico, filho de uma materna!
- Pais de sling;
- Eu com lágrimas nos olhos ao ver um grupo de maternas orientadas pela Isadora Canto num coral lindo, com toda turma ao redor assistindo;
- Pessoas felizes com as suas (conscientes) escolhas.

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