por: João Ricardo Keunecke
É de uma tradição afirmar uma idéia argumentando com a ajuda de parábolas ou metáforas, então, mais abaixo, segue uma lenda que recolhi em um livro ( não consigo me lembrar qual ), para apoiar o meu ponto de vista..
É de uma tradição afirmar uma idéia argumentando com a ajuda de parábolas ou metáforas, então, mais abaixo, segue uma lenda que recolhi em um livro ( não consigo me lembrar qual ), para apoiar o meu ponto de vista..
Penso que nós homens aprendemos a maturidade (entenda-se por participar de maneira rica, altruísta e responsável em nossa sociedade) passando de fase em fase; há a infância onde nos educamos física e mentalmente para as leis morais e éticas, uma baita diversão pois podemos transgredir à vontade; há a juventude onde experimentamos nossa capacidade de assimilação e resposta ao aprendido na infância (e é bonito como fazemos ajustes nesta fase, não? São algumas mulheres, viagens, ideologias, amigos e profissões) e então vem o “grande enfrentamento consigo” que é a construção de uma nova célula social, “ a família”. Acredito que não há nada mais eficiente como crescimento e inserção social para um individuo, aí temos que viver com o outro sexo e aprender essas demandas opostas e complementares às nossas. Não é fácil não, é tarefa para poucos que queiram fazer em alto nível, mas bem conduzido o encontro é de uma alegria sem igual.
A Lenda
Conta uma lenda indígena antiga que a tribo era comandada pelas mulheres. Estas se reuniam em uma grande oca que foi construída pelos homens e lá vivenciavam os mistérios (para os homens) da menstruação, gestação e parto. Os homens abasteciam essa grande oca com tudo que era pedido, mantinham respeitosa distancia da grande oca e ficavam admirados quando de tempos em tempos iam aparecendo de dentro da oca novos indiozinhos; era um poder e tanto destas mágicas mulheres. Certo dia um homem mais curioso rompeu o medo, superou a sacralidade que a grande oca inspirava e, aproximando-se, pôde observar o que se passava no interior desse lugar sagrado do matriarcado. Viu então as zombarias e as brincadeiras entre as mulheres com a ignorância dos homens sobre a natureza da fecundação e do nascimento dos indivíduos. Quando, este mais corajoso, levou a informação do que vira aos outros homens não tardou que uma grande raiva se formasse e, tomados por esse furor, invadiram a grande oca e massacraram todas as mulheres. Demorou um bom tempo para que as crianças meninas poupadas crescessem e se restabelecesse uma nova ordem na tribo, uma ordem patriarcal.
Com essa alegoria podemos resumir um pouco as origens do que foi a real passagem histórica do poder do matriarcado para o patriarcado que experimentamos já há alguns séculos, patriarcado esse que instalado foi anulando as mulheres, negando direitos, submetendo e até queimando vivas as que ousassem insistir contra.
Atualmente está em curso uma mudança, as mulheres vão conseguindo mostrar a necessidade de uma igualdade entre o masculino e o feminino. Alguns homens não aceitam e pretendem a velha tradição de submissão do feminino, e em cada lugar do mundo esta submissão é mais ou menos terrível. Já outros homens querem experimentar essa igualdade e se livram de velhas tradições construindo uma equiparação, tudo muito lento como qualquer ato da humanidade.
Meu ponto de vista pessoal consta de duas experiências: no primeiro casamento tive dois filhos e vivia uma tradição onde eu trabalhava bastante como diretor comercial e, como bom provedor, pagava boa escola, babás e tudo que a família precisasse. Tinha poder, mas não tinha a sensação de satisfação real e direta, sempre era indireto, sempre era a mãe que tinha essa intimidade com os membros da família.
Agora neste segundo casamento (quase dois filhos: o segundo estará chegando dentro de 3 meses) busco uma nova forma e me aproximo dos afazeres domésticos com mais intimidade e humildade, fico feliz em ver minha pequena (Sofia, 3 anos) crescer e brincar, sei que participei pois todos os dias acordo primeiro que minha esposa e preparo além da minha refeição a da pequena (suco e mingau), faço companhia enquanto ela come e aí sim começamos as brincadeiras e depois a escola.
Sei que é real, pois estou ali perto. Claro que depois vou sair para a uma vida social/profissional que também é rica, intensa e motivadora. Então, hoje em dia não tenho tensão em realizar afazeres domésticos e os acrescento ao meu trabalho profissional para a sociedade; não questiono mais, simplesmente me responsabilizo pela minha felicidade fazendo a minha parte, a parte da mulher é um problema dela, mas aí é outra história.
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João Ricardo Keunecke
Psicoterapeuta Junguiano ( Psicologia Profunda)
51 anos, Pai de Mauricio 21, Marina 18, Sofia 3 e com minha esposa grávidos do Marcos Victor ( esperado para maio 2010)
51 anos, Pai de Mauricio 21, Marina 18, Sofia 3 e com minha esposa grávidos do Marcos Victor ( esperado para maio 2010)
Muito bom!!
ResponderExcluirMuito, muito muito bom!
Adoro ter onde ler sobre paternidade, é tão difícil os homens quebrarem a barreira e colocarem o que sentem, fico sempre muito feliz quando posso entendê-los melhor!
Lindo, amei!
Fico emocionada quando conheço pais engajados, paternos, maternos, mamíferos. Parabéns!!!
ResponderExcluirBeijo grande.
Muito legal este post Joao, parabens!
ResponderExcluirAcredito que essa fase patriarcal é quase que natural para os homens e transgredir que se torna um desafio grande, para qualquer homem.
"Mas como somos homens e guerreiros, porque nao mais este desafio?" (by Joao)
hehehehehehe abraco!!!!!
João... pode parecer piegas eu vir aqui prestar minha homenagem à vc! Mas eu o faço do mias profundo do meu coração: uma mulher que foi abençoada pelo companheiro que você é. Como sou grata à Natureza pelos últimos 12 anos da minha vida, em que partilhei cada pedacinho da sua transformação pessoal, que foi a base sólida para a transformação no indivíduo que sou hoje, uma mulher e mãe realizada.
ResponderExcluirQuerido, obrigada por ser o pai que você é! Obrigada por ser o homem que segura e ampara os caminhos que eu decido trilhar...
E se a vida não te pedir mais coisas, parabéns pela missão de ser um pai ativo, que transforma cada detalhe dos seus e nossos filhos em gestos de amor e compreensão pura, e que estende isso a cada pessoa que cruza o seu caminho.
Amo você!
Da sua companheira de caminhada, Ana Lúcia Keunecke