terça-feira, 19 de janeiro de 2010

um post sobre aborto





na lista de discussão dos paternos (paterno_sp@yahoogrupos.com.br) surgiu um tema sobre aborto e entre os emails apareceu uma boa citação sobre o livro freakonomics, no qual o autor defende algumas idéias bem polêmicas, sendo talvez a mais polêmica justamente sobre aborto.

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de acordo com a wikipedia:
O quarto capítulo é o mais polêmico: é o que defende a tese de que o aborto legalizado seria o grande responsável pela diminuição da criminalidade em Nova Iorque, e não fatores como a existência de uma economia mais forte, o aumento do número de policiais, a implementação de estratégias policiais inovadoras ou as mudanças no mercado de drogas. Os autores argumentam que filhos indesejados teriam maior probabilidade de se tornarem criminosos, pelas condições precárias de vida a que estariam sujeitos durante sua criação.

quando eu li esse trecho do freakonomics há um tempo atrás concordei na hora com a idéia do autor sobre aborto.
mas depois refleti bastante e hoje eu discordo veemente dele.
por que discordo? porque ele propõe diminuir a criminalidade legalizando o aborto para que possíveis novos delinquentes não nasçam, ao invés de tentar eliminar a delinquencia em si, que continua sendo o grande x da questão.
desse jeito é fácil arrumar as coisas.

por que ao invés de legalizar o aborto o autor não propõe ações que acabem com o crescimento dos guetos nos estados unidos? que acabem com a fome, com a má qualidade no sistema de educação onde essa população mora, com mais oportunidade de desenvolvimento e emprego, com melhor amparo às mães pobres que não conseguem sustentar direito seus filhos?
aposto que em longo prazo a criminalidade diminuiria tanto quanto.

o método proposto por esse economista é parecido com o que hitler tentou fazer na alemanha, só que em escalas bem menores e mais sutis.
a classe "boa" é a dos arianos? vamos matar todo o resto, então.
a clase "boa" é a da população com maior poder aquisitivo e melhor educação? vamos abortar todas as gestações de mães miseráveis e faveladas e garantir que eles não se proliferem, então.
no fim, dá no mesmo.

aqui no brasil há uma onda crescente no sentido de arrumar a casa da forma mais simples (e mais estúpida, na minha opinião).
a prostitução era ilegal e o país não dava conta do assunto. como resolver? legalizar a prostituição!
hoje em dia a "profissional do sexo" tem direitos trabalhistas garantidos pelo estado! está no site do ministério do trabalho!
ninguém falou com todas as letras que a prostituição está legalizada, mas se uma prostituta tem direitos trabalhistas significa que a coisa se tornou legal, não?

qual é a próxima? bicheiro ter inss por "tempo de trabalho" organizando jogos do bicho?

acho que a mesma forma de pensar se aplica ao aborto, embora seja uma questão bem mais delicada.
muitas mulheres sofrem anualmente por más condições de higiene e saúde por realizar abortos ilegais? então vamos legalizar o aborto, oras!
mas isso não resolve o problema de falta de fiscalização do crime, da precariedade nas áreas de saúde, da clandestinidade que continuará rolando solta por aí.

acredito que as decições devam ser tomadas com base em coisas que trarão de verdade uma melhora para a sociedade, e não com base em melhoras superficiais e maquiadas que acontecem devido à ineficiencia do estado em alguns setores.

abraço e até semana que vem.

5 comentários:

  1. Olá Felipe!
    Te convido para ler sobre a mesma questão no meu blog, para contribuir coma discussão.
    Até!
    http://divinastetas.blogspot.com
    Até

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  2. Concordo com a precariedade dos governos em propor resoluções imediatas e pouco efetivas para seus problemas de criminalidade. No entanto, em relação ao aborto - que torna uma mulher criminosa no Brasil - a questão central é o livre arbítrio do qual a mulher é privada em relação ao seu corpo e ao seu destino. Irônico como só a mulher que faz um aborto clandestino passa a ser uma criminosa e o homem que participou da concepção? As mulheres têm que gozar do direito de fazer com os próprios corpos aquilo que bem entenderem. Não é só o futuro da criança indesejada que está em jogo, mas dessa mulher "não mãe" também.

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  3. Maysa, você só esqueceu de pensar no direito do bebê sobre sua vida, seu pequeno corpo e seu destino...

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  4. legal seu blog, bacana ver vc compartilhando as idéias. mas neste post deu vontade de questionar: qual o problema de a prostituição ser assumida como profissão pelo ministério do trabalho? e pq comparar a prostituta ao bicheiro?
    quanto ao aborto, também sou contra. sou a favor dos métodos preventivos. mas entendo que, do jeito como a coisa está hoje, é preferível legalizar mesmo, já que os abortos acontecem clandestinamente e de um modo muito pior, de qualquer maneira.

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  5. toda criança tem direito a um pai e a uma mãe, direito a escola, saúde, direito a saneamento básico, roupa, comida, educação, dignidade.
    é lei.
    se a pessoa engravida e não tem a menor condição de dar nenhuma dessas coisas à criança que vai nascer por que segue com a gravidez?
    quem sabe a responsabilidade que é ter um filho entende quando uma pessoa faz um aborto.
    sou a favor do aborto, mas sou muito mais a favor ainda da educação desde bem cedo sobre como se evitar uma gravidez indesejada
    com certeza o número de abortos diminuiríam e a banalização da paternidade/maternidade acabariam de vez

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